Bete e a morte
Entrevistamos Lita Hayata, autora de “Bete Vive” e “Boa Noite, Boa Sorte”
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Entrevistamos Lita Hayata, autora de “Bete Vive” e “Boa Noite, Boa Sorte”
Lita Hayata é uma quadrinista, designer e ilustradora que começou a trabalhar com histórias em quadrinhos através da sua webcomic Bete Vive em 2014. Desde então organizou e participou da coletânea Melaço e mais recentemente está lançando o livro Boa Noite, Boa Sorte com a artista Julia Bax.
Não muito grande. Eu claramente desenho melhor, e a capacidade narrativa desse último livro também precisou ser melhor, mas muito é um exagero. Posso culpar isso de passar do formato de 1 página para 40, para 12 e de volta pra 30. Não esquento muito com a comparação porque toda vez que visito o tumblr da Bete dou risada, acho gostoso. Já era bonito.
O trabalho coletivo, tanto o de produção quanto o de organização, é muito mais rico. Melaço é um puta projeto, as histórias são ótimas *sem exceção* e o livro é gostoso como pouca coisa que encontro de quadrinho aqui. Claro que também mais difícil. Eu e Tiemi fizemos mil planos e cronogramas – prontos com meses de antecedência, para serem incendiados pelas artistas. Não tínhamos experiência com isso, e meus amigos editores só puderam rir e soltar aquele “bem vinda ao meu mundo”. Eu não tinha paciência, tempo ou maturidade pra lidar com pessoas que exigem uma dose maior dos três. Mas pra muito além disso tem uma baita sensação de companheirismo, de realização. Sozinha eu não faria nada nesse nível. E nesses perrengues que fica muito claro quão incrível é a capacidade da galera que ajudou.
Selecionamos artistas montando um arquivo extenso com os critérios brasileira, mulher bi ou lésbica, com quadrinhos já publicados (de qualquer forma). Montamos um grupo com traços bem diversos e enviamos convites. Muitas artistas pesadaças ficaram fora por tratarem de temas que serão a espinha de outras edições.
Julia me convidou por ver uma oportunidade de nós duas mantermos quentes os mundos dos nossos personagens. Esses mundos são diferentes, mas próximos – fantásticos, urbanos, dinâmicos e bem humorados. Nina & Tomas com uma pegada sobrenatural estruturado – bruxas, vampiros, criaturas mágicas; Bete com a Morte em si, e tudo isso sempre bem costurado na vida pessoal das protagonistas. Combinar foi ótimo, e também combinamos forças no projeto como um todo – eu sempre aprendo demais demais com a Julia.
Sou fã das duas, tanto da Bete quanto da Morte. Durante esse hiato entrei em contato maior com autores negros e cheguei a pensar em passar a responsa do roteiro pra outras pessoas (coincidentemente uma Manu e um Emanuel, alô). Também passei na beirada da vida e fui forçada a pensar bastante nos motivos da criação dessas personagens. Numa volta completa, elas estão aí, aprontando de novo, bebendo e correndo e vivendo de novo. Ver as duas sempre me deixa muito contente, e fiquei surpresa com o tanto de energia que elas tem.
Estou no meio de uma campanha de financiamento (apoiem catarse.me/boasorte!) então planejo nunca mais fazer quadrinhos. Fora isso, o próximo melaço (dos 18) tem que falar de sexo. Quero botar pra fora toda a raiva e o adensamento de tudo que o câncer trouxe, isso deve dar um zine, uma mixtape. Julia já me seduziu com uma história cheia de porradaria, uma pratada cheirando a seriado. Tiemi me seduz ponto, mas também tem conversas sobre livros infantis. Na gaveta tem o rascunho de uma tirinha curta da época em que a morte sumiu, e Bete foi atrás dela. O futuro faz bem em existir por um tempo!
Pra quem quer conferir o trabalho da Lita, ele pode ser encontrado em seu Instagram, e seu livro novo está no Catarse!