Homenagem especial – Troféu HQ MIX
Quadrinho inédito sobre a homenagem especial que o Troféu HQ MIX deu à Revista Mina de HQ
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Fiquei muito feliz por receber esse reconhecimento ao trabalho independente e feminista sobre história em quadrinhos que faço há tantos anos. A revista impressa é a materialização de tudo isso. (assista ao meu discurso de agradecimento)
A lista de vencedores está bem legal! Ana Luiza Koheler foi a grande premiada e levou quatro troféus por Beco do Rosário, quadrinho incrível que conta uma parte da história de Porto Alegre. Entre as premiadas estão também Germana Viana, Bilquis Evely, Ale Presser, Triscila Oliveira, Cida Godoy, Talita Grass, Letícia Pursti e mais! Clique aqui para ver a lista completa
Falando sério, eu nunca imaginei que um dia receberia um Troféu HQMIX, ainda mais uma homenagem especial. Projetos provocadores como a Mina de HQ não costumam ganhar prêmios. E a cena/mercado dos quadrinhos no Brasil ainda é um grande clube do bolinha por parte de quem manda na coisa – apesar de termos muitos aliados, claro. A Mina de HQ é meu projeto político, onde busco fazer o que acredito para tentar burlar o sistema patriarcal e não inclusivo que a gente vive.
Diferentemente do que a grande maioria das pessoas pensam, eu (Gabriela Borges) toco tudo sozinha no dia a dia – não tenho equipe fixa e conto apenas com a ajuda de algumas pessoas que acreditam no que estou fazendo desde 2015 (sou muito grata a vocês).
Eu penso as pautas, organizo cronograma, edito textos, subo todo no site, faço os posts, publico nas redes sociais, interajo com o público. Cuido do Apoia.se, de toda a parte financeira, da gestão de venda das revistas em lojas físicas e das vendas na loja virtual, faço todos os pagamentos, crio as campanhas de financiamento coletivo, organizo TUDO da revista impressa, organizo as edições do clube do livro, faço todos os textos dele para o site, os emails e as redes sociais, penso os livros das edições. Escrevo tudo da newsletter e dos grupos no Telegram. Busco parceria com marcas e empresas, contrato as quadrinistas que fazem quadrinhos inéditos todos os meses, penso estratégias para fazer a Mina crescer e ser sempre relevante. Avalio os convites e participo de eventos, dos remunerados ou gratuitos. Além de ler quadrinhos, estudar e produzir meus próprios conteúdos. E muito mais coisas pequenas e grandes que acabei nem listando aqui, rs.
Não é fácil, me esforço muito para tentar ser relevante (e revisitar sempre o conceito de relevância), muitas vezes me sinto invisível e sozinha, engulo a vergonha para pedir ajuda, dinheiro e apoio, luto com a impostora toda semana, frequentemente penso em largar tudo, mas também tenho muito orgulho de criar algo assim, botar no mundo um projeto como esse.
Enfim, é muita coisa!
E é difícil verbalizar isso, dizer pro mundo, mas a verdade é: eu preciso de ajuda.
Estou sempre quebrando a cabeça para pensar formas de remunerar as pessoas que colaboram com a Mina de HQ, mesmo que simbolicamente, para que ninguém trabalhe de graça – a não ser que seja uma sugestão/pedido da própria pessoa que está colaborando.
Mas a Mina de HQ não tem dinheiro muito, de fixo é apenas o que arrecado na campanha no Apoia.se. Eu mesma não ganho nada fixo, mensalmente, só recebo dinheiro deste trabalho quando consigo fechar parcerias ou quando sou remunerada pela participação em eventos. E, mesmo assim, sempre avalio antes se o dinheiro vem para mim ou se a planilha financeira da Mina está precisando de algum aporte. Falar de dinheiro é difícil, né?
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