Quadrinistas negras para seguir
Feminismo só faz sentido se for antirracista. Precisamos seguir, compartilhar e apoiar o trabalho de artistas negras
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Feminismo só faz sentido se for antirracista. Precisamos seguir, compartilhar e apoiar o trabalho de artistas negras
A Ponte Jornalismo fez uma reportagem em que mostrou que o Instagram censurou artistas com conteúdos antirracistas. Pois é. Uma tirinha da série Os Santos, de Triscila Oliveira e Leandro Assis, que fala sobre racismo e privilégios da branquitude rica do Brasil, foi retirada do Instagram sem maiores explicações. O mesmo aconteceu com um cartum de Gilmar, que mostrava como a polícia age em bairros periféricos e bairros ricos.
As censuras em obras que denunciam as mazelas sociais brasileiras não são de hoje. Em abril de 2018, Gidalti Moura Júnior, autor do livro Castanha do Pará (2016), que trazia na capa uma ilustração de uma violência policial, foi retirado de uma exposição do Parque Shopping Belém, no Pará. Em setembro de 2019, Marcelo Crivella (PRB), prefeito do Rio de Janeiro pediu que os organizadores da Bienal do Rio recolhessem a HQ Vingadores: A Cruzada das Crianças, que continha um beijo entre dois homens na capa.
Aquela coisa, não adianta ser feminista e antirracista (ou antifascista, como muita gente tem tido ser, sem nem ao menos saber o que de fato é o fascismo) no discurso e isso não acontecer também nas práticas diárias. A luta por justiça social é prática e não discurso. E o combate ao machismo não pode estar acima do combate ao racismo. Assim como não há espaço para transfobia, gordofobia, xenofobia, classismo, preconceitos em geral. Ou essas lutas caminham juntas ou nada do que fizermos fará sentido. Não bastam manifestações nas redes sociais, um discurso da boca pra fora, nem personagens diversos nas histórias. Se a prática não for levada a sério, uma hora a incoerência vem à tona, como aconteceu recentemente com uma quadrinista brasileira que passou por um exposed no Twitter. Mas essa reflexão vale para todos nós. O racismo, principalmente, não é um problema do outro, não é de hoje e não acaba aqui. Se existem acusações, elas precisam ser levadas a sério – a oportunidade da transformação positiva está aí, além de responsabilizações legais. Mais do que nos sentir culpados (e pedir desculpas), mais do que linchamento, cancelamento. Precisamos ser responsáveis. Precisamos escutar, usar nosso lugar de fala, os espaços de poder que nos cabem para agir e buscar realmente mudar alguma coisa. Senão, repito, nada do que fizermos fará sentido ou levará a alguma transformação estrutural.
A Mina de HQ é uma mídia independente e feminista. Mas feminismo só faz sentido se for interseccional e, consequentemente, antirracista. Não existe luta maior do que essa no mundo em que vivemos. Diversidade entre as quadrinistas mulheres e não-binárias que divulgo é algo que busco naturalizar no dia a dia. Mas o momento pede atenção e fiz um post especial indicando algumas quadrinistas negras para seguir:
Marília Marz @mariliamarz
Lhaiza Morena @lhaizamorena
Janaína Esmeraldo @cabelonuvem
Ana Cardoso @anacardos_art
Bruna Bandeira @imagineedesenhe
Bennê Oliveira @leve.mente.insana
Ana Paloma @apalomart
Flávia Borges @breezespacegirl
Nathalia @sweetilustra
Dika Araújo @dikaraujo
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