Rumiko Takahashi
Conheça a premiada mangaká japonesa que há mais de 40 anos transita por diversos gêneros, desde comédia romântica pastelona ao horror grotesco
Quer receber novidades sobre histórias em quadrinhos? Inscreva-se!
Conheça a premiada mangaká japonesa que há mais de 40 anos transita por diversos gêneros, desde comédia romântica pastelona ao horror grotesco
Aos 11 anos, minha mãe me deixava escolher uma revistinha no jornaleiro na volta pra casa. Um dia, escolhi uma HQ chamada Inuyasha. Além de amar a história em si, fiquei ainda mais contente quando descobri que a autora era uma mulher! Ela se chama Rumiko Takahashi. Desde então, suas obras me acompanham em divertidas leituras e releituras.
Nascida em 1957, Rumiko Takahashi é uma mangaká (quadrinista japonês) que transita por diversos gêneros, desde comédia romântica pastelona ao horror grotesco. Esse vasto repertório é fruto de uma carreira de mais de 40 anos, que a tornaram uma das artistas que mais vendeu quadrinhos no mundo todo. Além de ter na bagagem prêmios como o Inkpot Award, Eisner Award e Grand Prix d’Angoulême.
Takahashi aprendeu o ofício com grandes mestres do quadrinho japonês. Foi aluna de Kazuo Koike, o autor de Lobo Solitário, e assistente de Kazuo Umezu, considerado o pai dos mangás de horror e autor de The Drifting Classroom. Em 1978, iniciou sua carreira na revista Shonen Sunday após ser premiada com o New Artist Award. Sua carreira é vasta tanto em mangás serializados como em one-shots (histórias curtas), mas podemos apontar alguns grandes marcos.
A década de 80 foi muito frutífera para a autora. Durante esse período, ela publicou simultaneamente séries que perduraram por quase uma década e trouxeram destaque ao seu nome. Urusei Yatsura, sua série de estreia, é uma comédia pastelão sobre um jovem mulherengo e aliens insanos.
Já Maison Ikkoku é direcionado a um público mais maduro e trata de um drama/romance sobre os início da vida adulta.
Mermaid Saga é seu trabalho mais macabro e conta a história de dois imortais em busca da mortalidade.
One-Pound Gospel é um divertido conflito entre comprometimento versus tentação, uma história sobre um lutador de boxe comilão e uma noviça.
No fim dos anos 80, Takahashi começa a publicar Ranma ½, sua série de maior sucesso até então. Ranma Saotome é um lutador de artes marciais que, durante um treinamento na China, acaba amaldiçoado e passa a transformar-se em garota toda vez que é molhado com água fria. Isto é, seu corpo se transforma numa versão feminina de si, e quando molhado com água quente ele volta a ser garoto. Nessa história, Takahashi mescla cenas de lutas absurdas com seu inconfundível timing cômico e, é claro, vários triângulos amorosos — sua marca registrada.
Após o sucesso de Ranma ½, Takahashi flerta novamente com uma história de ação, mas dessa vez com uma boa dose de fantasia do folclore nipônico. Inuyasha foi lançado em meados dos anos 90 e logo conquistou fãs no mundo todo. Kagome Higurashi é uma colegial que viaja no tempo até a Era medieval japonesa e precisa unir forças com Inuyasha, um meio-youkai (espécie de demônio japonês), para recuperar os fragmentos de um poderoso talismã chamado Jóia de Quatro Almas. Ao fim da publicação de Inuyasha, a autora passou a explorar o sobrenatural na contemporaneidade em seus trabalhos mais recentes. São eles: Kyoukai no Rinne, finalizado em 2018, e Mao, lançado em maio de 2019.
Rumiko Takahashi tem um grande legado que influenciou as gerações de mangakás que a sucederam. No geral, sua carreira se destaca por suas obras cativarem leitores do mundo todo. Mesmo sendo tão eclética, suas histórias, das mais cotidianas até as mais absurdas, possuem uma essência inconfundível.
Ou seja, Takahashi tem um jeito próprio de armar as tramas. As cenas são compostas aos poucos, atraindo os personagens como em um labirinto. Ela cria suspense ao construir um falso clímax, e gerar expectativa no leitor. Só então ela entrega o desfecho e revela um resultado narrativo inesperado. Tudo isso no meio de muitas gags visuais.
Além disso, Takahashi escreve e desenha personagens irreverentes. Sejam metade demônios, lutadores amaldiçoados, estudantes, viajantes do tempo, alienígenas, ou imortais. O que todos os seus personagens têm em comum é um coração humano que ultrapassa as páginas dos quadrinhos e ganha a simpatia do leitor logo nas primeiras páginas. É uma alegria contar um pouquinho da história dessa mulher que teve tanta influência no meu trabalho e que, certamente, ainda vai inspirar muitas futuras artistas de 11 anos que estão por aí.
Fanart de Ranma, de Rumiko Takahashi, por Mayara Lista