Bast! Novo selo editorial pelas mulheres e minorias
O selo criado por Nami Teruya, Flávia Gasi e Rebeca Puig vai relançar “Navio Dragão”, de Rebeca Prado.
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O selo criado por Nami Teruya, Flávia Gasi e Rebeca Puig vai relançar “Navio Dragão”, de Rebeca Prado.
Meu primeiro grande evento de quadrinhos foi o FIQ de 2015. Fui como visitante inocente e passei os dias do festival em êxtase com tudo que lá vi. No fim, tive a certeza que na próxima edição voltaria como expositora. O motivo desse contágio imediato foi, sobretudo, a representatividade feminina entre os convidados e expositores do evento. Era o reflexo de um movimento de diversidade no meio dos quadrinhos que a cada ano se mostra mais forte, presente e necessário.
Em março de 2019 a Perifacon, evento de organização majoritariamente negra, recebeu mais de 4 mil visitantes. Em junho a Poc Con, a primeira feira de quadrinhos LGBTQIA+, contou com 71 expositores e foi sucesso de público. É fato que estes autores existem, estão se publicando de forma independente e têm um público ávido que quer ler suas histórias. Porém, apesar dos números, essas minorias ainda aparecem pouco nas listas de autores de quadrinhos das grandes editoras. O perfil dos autores que são publicados permanece, em sua maioria, masculino, branco, heterossexual e cisgênero.
Mas nem tudo está perdido. Na contramão do mainstream, pequenas editoras criam novas iniciativas para dar espaço a esses minorias e publicar histórias mas diversas. Essa é a proposta do novo selo de editorial que chega ao mercado: a Bast!.
O selo foi criado por três leitoras de HQs apaixonadas pela cultura pop, que não se percebiam representadas nesse mercado: a produtora gráfica Nami Teruya, do podcast Renegados Cast; a doutora em Comunicação e Semiótica Flávia Gasi, que possui cerca de 20 anos de experiência em jornalismo e comunicação no mercado gamer e de cultura pop; e a roteirista Rebeca Puig, que trabalha com representação e diversidade há seis anos e foi criadora do Collant Sem Decote, um dos primeiros blogs a discutir diversidade e cultura pop, e hoje edita o site Nebulla. Essas três mulheres uniram suas experiências como leitoras de quadrinhos e produtoras de conteúdo para formar a Bast!, focado na publicação de histórias criadas por mulheres e minorias.
Batizada com o nome da deusa egípcia Bastet, protetora das mulheres e dos gatos, a Bast! chega ao mercado para abrir espaço para autores de grupos minoritários, como mulheres, negros e pessoas LGBTQIA+. Com isso, pretende tornar o universo literário mais interessante, diverso, e dar oportunidade para novos autores. Os projetos são possíveis graças a união de forças com sua editora parceira: a Jambô Editora, que há 17 anos publica títulos especializadas em fantasia e RPG para o público geek e com quem compartilham da mesma visão sobre representatividade e diversidade no mercado literário.
Inicialmente, o selo pretende priorizar a publicação de autores nacionais. Seus primeiros títulos, todos assinados por mulheres, serão lançados na CCXP 2019 – Comic Con Experience. O primeiro deles será o relançamento em edição revisada e ampliada de Navio Dragão, da quadrinista Rebeca Prado, ganhadora do Angelo Agostini 2019 e roteirista da Turma da Mônica. Além disso, os livros poderão ser adquiridos através da pré venda, um mês antes do evento. Ou ainda, na loja online da Jambô, na Amazon e em livrarias físicas.
“Existem milhares de histórias que ainda não foram contadas, vozes que ainda não tiveram a oportunidade de ter espaço para contar essas histórias. Acho que a necessidade que a gente identificou foi exatamente aumentar o alcance de olhares diferentes, inclusive diferentes dos nossos. Especialmente quando passamos por tempos conturbados no que tange política, ampliar essas vozes é crucial para que continuemos evoluindo como sociedade”, explica Rebeca Puig.
Para o futuro, a Bast! promete ser um veículo onde mais vozes, que ainda não tiveram oportunidade, possam contar suas histórias e chegar até os leitores. Especialmente em tempos conturbados, em que as minorias são ainda mais ameaçadas e silenciadas, iniciativas como essa surgem para promover a representatividade que gostaríamos de ver nas prateleiras.Faz parte de algum grupo minoritário e tem um projeto maneiro? Agora é só enviar seu material para a Bast! através do formulário no site e seu trabalho será analisado. basteditorial.com.br