Uma chuva de quadrinistas para conhecer
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Mina de HQ | Edição 2 | Abril 2019
Olá!
Já chego logo com uma notícia boa: essa semana começa a primeira temporada de vídeos exclusivos que gravei para o canal da Mina de HQ no YouTube. SPOILER: tem Jéssica Groke, Aline Zouvi (que fez os quadrinhos lindos abaixo), Germana Viana, dicas de quadrinistas trans e não binárias, e uma chuva de @s para seguir. Clique aqui e inscreva-se no canal!
A verdade é que as histórias em quadrinhos são uma forma de viajar, conhecer lugares, culturas e personagens, né?
E, assim como em toda a cultura pop, as mulheres não só gostam de ler HQs como representam uma fatia muito importante deste mercado. Taí o sucesso dos filmes da Mulher Maravilha e da Capitã Marvel para provar.
Esse é um mercado gigantesco que movimenta cifras milionárias ao redor do mundo. A Turma da Mônica tem títulos que batem recordes de vendas em vários países e o Brasil sedia um dos eventos de cultura pop e nerd do planeta, a CCXP (Comic Con Experience), em São Paulo. Em 2018, o público chegou a 262 mil pessoas e o Artists Alley teve mais de 500 artistas nacionais e internacionais.
E tem um monte de quadrinista mulher (cis, trans e pessoas não binárias) no Brasil e no mundo. Elas estão publicando, principalmente, na internet – e de forma independente. Mas, no mainstream, onde está o dinheiro e o reconhecimento mais tradicional, esses trabalhos e essas artistas seguem invisibilizados. Ainda falta um interesse real das editoras brasileiras em publicarem mais mulheres, dos prêmios em reconhecerem esses trabalhos, dos eventos em chamar as artistas para mesas que não sejam só sobre a perspectiva feminina.
Tenho falado muito sobre o caso da exposição Quadrinhos, que está em cartaz no Mis até o fim de Maio, em São Paulo. Aqui tem uma entrevista que dei para o Brasil de Fato sobre isso. A mostra vem sendo bastante criticada por ter pouca diversidade entre os trabalhos expostos, ainda mais por ser considerada “a maior exposição de quadrinhos já feita no Brasil”. Tem pouquíssimas mulheres, LGBTs, negros e pessoas não-binárias. Não tinha nem Alison Bechdel, Pagu, Lovelove6 e Claire Bretécher, gente! Levei essa reflexão ao curso “Quadrinhos: Gênero e Representação”, que coordenei em fevereiro dentro da programação da mesma exposição – inclusive, abri aula para três convidadas e fiz uma visita comentada pela mostra com os alunos.
Depois da ação #CadêAsMinasNoMis, feita por quadrinistas de São Paulo, que incluiu “plantar” alguns quadrinhos pela exposição, a organização inseriu algumas HQs. Mas ela já tinha sido visitada por mais de 100 mil pessoas, que não chegaram a ver esses (poucos) trabalhos…
A lição que fica é: precisamos cada vez mais criar nossas próprias oportunidades e espaços para depender cada vez menos das instituições tradicionais e machistas. Quem está, efetivamente, no nosso lado? Vamos juntxs.
E olha só como as coisas são. Sabe a graphic novel Minha coisa favorita é monstro, da norte-americana Emil Ferris, vencedora de um prêmio Eisner, elogiada por Art Spiegelman, que tá todo mundo comentando? Pois é, ela foi rejeitada por 48 editoras até ser publicada em 2017 pela Fantagraphics… O pessoal da editora Quadrinhos na Cia. me mandou um exemplar da edição brasileira e eu pude, finalmente, começar a ler a HQ mais comentada do ano. São 416 páginas desenhadas e colorizadas apenas com canetas esferográficas ou hidrocor – 20 mil no total. Minha Deusa, que trabalho incrível!
✍ No último dia 21/04, Estela May estreou no jornal Folha S. Paulo com a série de tirinhas Péssimas influências. Ela tem apenas 18 anos e uma carreira bem recente: publica algumas charges e ilustrações nas redes sociais há dois anos. Tirinhas mesmo, decidiu começar a produzir só em janeiro deste ano. Torcemos por mais diversidade e representatividade entre os cartunistas e quadrinistas que publicam nos jornais brasileiros!
Viu lá no Instagram a tirinha linda que a Verônica Berta fez para
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