Quem compra tanto quadrinho?
Newsletter da Mina de HQ #14
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Newsletter da Mina de HQ #14
Olá!
Precisamos falar sobre a quantidade enooorme de campanhas de financiamento coletivo de histórias em quadrinhos que estão rolando.
Para ter uma ideia, contei 42 campanhas que têm participação de mulheres com término entre 03/09 e 11/12. Supondo que cada uma de nós apoiasse cada projeto com R$30, seriam R$1.260,00 gastos no total concentrados nos últimos meses do ano (sem contar o que gastamos em feiras e livrarias) e apenas com quadrinhos feitos por mulheres. (Clique aqui e veja a lista campanhas que ainda estão no ar e escolha o que você mais curte para apoiar)
Muito desse boom se deve a um dos critérios de participação no Artist’s Alley da CCXP, um dos maiores eventos de cultura pop do mundo que acontece todo mês de Dezembro, em São Paulo. Para a escolha dos expositores, a organização prioriza artistas que tenham HQs a serem lançadas no evento.
Pego o exemplo de Lila Cruz. Ao se ver em meio a muita ansiedade por precisar ter um lançamento e o medo de não alcançar a meta, a quadrinista decidiu optar por sua saúde mental e fechar sua campanha no Catarse para abrir a pré-venda do Almanaque de Autocuidado em sua própria loja.
Por isso, vejo que precisamos fazer alguns questionamentos sobre esse assunto:
– A CCXP realmente dá conta de receber toda essa variedade de lançamentos?
– Esse critério de participação está prejudicando a saúde mental dos artistas?
– É possível manter a criatividade e qualidade dos trabalhos nesse corre para ter obrigatoriamente um lançamento por ano, concorrendo com a maioria dos artistas brasileiros ao mesmo tempo?
– De que forma a CCXP está realmente contribuindo para o mercado nacional de quadrinhos independentes, fora dos portões do evento?
– E como é possível distribuir esses lançamentos ao longo do ano e entre outras feiras como Des.Gráfica, FIQ, Bienal de Quadrinhos, Ugra Fest?
– É possível pensar em outras formas de financiamento coletivo? Qual o papel do público leitor nesse cenário?
Como bem disse Ramon Vitral em uma entrevista recente que fiz com ele, “o autor deve respeitar seu tempo e o tempo do seu trabalho. Estamos falando de um artista fazendo arte, não de uma máquina de uma montadora de carros. Eu não sei o quanto uma produção frenética, ditada por eventos, contribuiu para o desenvolvimento de uma HQ e o amadurecimento de um autor”.
Dia desses, Sidney Gusman, editora da Graphic MSP, também levantou a bola para uma discussão sobre o assunto no Twitter.
E, por falar no papel do público leitor para a existência de trabalhos independentes, te convido a conhecer a campanha de financiamento coletivo da Mina de HQ, que está dividida em metas, para que eu possa continuar escrevendo essa newsletter, passe a remunerar as colaborações do site, grave mais vídeos para o Youtube etc. Você pode contribuir com a partir de apenas R$ 5 por mês. Esse tipo de apoio é, na verdade, um investimento. Cada realzinho faz toda diferença!
Para ler no site da Mina de HQ:
Sexualidade feminina (e positiva) em quadrinhos. Entrevistamos Lovelove6, autora de Garota Siririca, sobre sua nova HQ, Sheiloca, uma distopia feminista que terá mais de 200 páginas.
A vida pelo fino traço de Power Paola. Em visita a São Paulo, a roteirista e quadrinista equatoriana falou sobre o processo criativo na produção de suas obras.
Agenda de eventos de quadrinhos em Outubro. Encontro com a quadrinista inglesa Una, na Ugra Press, em SP; lançamento de Tina – Respeito, em BH; Esquenta Miolo(s), em SP; Festa de Halloween do MinasNerds, em SP; e mais!
As escolhas estéticas de Amanda Miranda. Quadrinista e designer, ela é autora da premiada Hibernáculo, uma das HQs mais interessantes de 2019, vem colaborando para o site The Intercept Brasil e já trabalhou com a banda Liniker & Os Caramelows. Nessa entrevista, ela sobre sua carreira e seu mais novo quadrinho, Sangue Seco Tem Cheiro de Sangue.
O que Stranger Things, Guardiões da Galáxia, Star Wars e Orphan Black têm em comum? Todos esses universos já tiveram a influência da escritora e roteirista de quadrinhos Jody Houser.
A convite da ONG É de Lei, a jornalista e quadrinista Carol Ito ilustrou uma cartilha que será distribuída entre trabalhadores e gestores do SUS.
Série #aconteceucomigohq coleta histórias via formulários que depois são trabalhadas pela quadrinista amazonense Laura Athayde.
A quadrinista Brendda Maria fez uma sequência de tweets cheia de indicações de outras quadrinistas mulheres.
O livro Histórias Quentinhas Sobre Sair do Armário traz quadrinhos de Annima deMattos, Aline Lemos, Ellie Irineu e Renata Nolasco, e capa com a arte de Dika Araújo. Compre o seu na lojinha virtual da Mina de HQ!
Gabriela Güllich, jornalista e quadrinista de João Pessoa – PB, deu uma entrevista bem bacana pro AfroNerd.
Está rolando a pré-venda de Sob O Solo, novo quadrinho de Bianca Pinheiro e Greg Stella, que será lançado pelo selo Pipoca & Nanquim.
Helô D’Angelo fez quadrinhos bem incríveis sobre as participações da filósofa e feminista anticapitalista Silvia Federici, autora de “Calibã e a Bruxa”, e da socióloga Patricia Hill Collins, autora de “Pensamento Feminista Negro”, no seminário Democracia em Colapso, que aconteceu no Sesc Pinheiros, em São Paulo.
Aliás, Patricia Hills Collins deu essa ótima entrevista com sobre estereótipos, imagens de controle, representação midiática e representação política.
Recentemente descobri a página Beirut By Dyke, de quadrinhos queer feitos em Beirut. Vale MUITO conhecer.
E você já leu o livro O Jogo das Andorinhas – Morrer Partir Retornar? Nele, a autora Zeina Abirached conta a história de sua infância em meio à Guerra Civil Libanesa. Compre o seu na lojinha virtual da Mina de HQ!