America Chavez e o Multiverso
Sâmela Hidalgo escreve sobre America Chavez, a Miss America, no Universo Marvel
Quer receber novidades sobre histórias em quadrinhos? Inscreva-se!
Sâmela Hidalgo escreve sobre America Chavez, a Miss America, no Universo Marvel
Lembra em 2008 quando a Marvel iniciou o MCU com Homem de Ferro e não víamos uma única unidade de personagem feminina com grande importância? Claro, havia a Pepper, mas ela sempre estava ali como coadjuvante e orbitando em volta do Tony. Ela era tão irrelevante para a produção, que eles nem se deram ao trabalho de dar à ela um background sobre família, infância, motivações e desejos. Ela era apenas uma peça pra movimentar o grande herói Stark.
Era difícil rolar uma identificação com o público feminino, já que não tínhamos alguém que nos representasse. Mesmo assim, as mulheres fãs de cultura pop invadiram as salas de cinemas pra fazer parte dessa Marvelmania que começava no audiovisual.
Já em 2010, o Zé Boné (Kevin Feige) achou de bom tom termos uma mulher hipersexualizada como a primeira heroína do MCU. Aos trancos e barrancos engolimos a seco com a esperança que isso mudasse nos próximos filmes porque queríamos ver Natasha Romanoff ganhando vida nas telonas. E demorou ainda alguns anos para que o MCU percebesse que não dava pra continuarmos com a síndrome de smurfette, tendo somente a Viúva Negra de heroína no grupo. E aí veio ela… Wanda Maximoff para se juntar aos Vingadores e fazer companhia à Natasha.
De lá pra cá já se passaram 14 anos e hoje, FINALMENTE, temos um leque de heroínas no Mundo Cinematográfico da Marvel para nos inspirar e nos identificar. E, melhor: de raças diferentes e personalidades distintas. Ainda não estamos no patamar que podemos chegar, mas já avançamos bastante desde 2008, em relação à isso. E o que mais me anima é que essa fase 4 do MCU traz heroínas jovens e poderosas, nada mais que a cara da geração Z como Kate Bishop, Kamala Khan, Riri Williams, Estatura, Aranha Fantasma, Shuri e muitas outras que vem por aí.
Dito isso, apresento-lhes America Chavez, mais conhecida como Miss America. A personagem será introduzida no novo filme do Doutor Estranho: Multiverso da Loucura, que estreia em maio desse ano. Dizer que estou ansiosa pra ver ela em cena, é meio óbvio, né? A heroína apareceu pela primeira vez na HQ Vingança#1, de 2011, escrita por Joey Casey (Vingadores, Homem de Ferro, X-Men) e desenhada por Nick Dragotta (East of West). Sua primeira aparição não fez tanto sucesso assim, mas ganhou destaque quando finalmente ingressou nos Jovens Vingadores em 2013. Foi na equipe que ela conhece sua melhor amiga (e alma gêmea) Kate Bishop, a Gaviã Arqueira.
Falando um pouco de sua origem, vamos começar por Madrimar, avó de America. Ela vivia pacificamente no Planeta Fuertona, que fica em uma dimensão composta exclusivamente por mulheres. Depois de seu planeta ter sido invadido pelos parasitas La Legion, os deuses daquele lugar enviaram uma era glacial para transformar o planeta e desinfetá-lo. Com isso, Madrimar partiu para a Utopia Paralela – uma dimensão alternativa fora do espaço-tempo e da linha multiversional da Marvel, comandada pela entidade chamada Demiurgo, essa força de vida senciente que criou os deuses anciões. Nesse novo mundo, Amalia – filha de Madrimar – se apaixonou por Elena Chavez e juntas, geraram America. No mesmo dia em que America nasceu, Madrimar retornou para Planeta Fuertona para ajudar a reconstruí-lo.
Após a pequena garota absorver a entidade Demiurgo, America desenvolveu habilidades como super força, capacidade de voar, super velocidade, invulnerabilidade a ataques psíquicos, viagem no tempo e o melhor deles: a criação de portais interdimensionais. Ou seja, ela pode viajar entre o multiverso com apenas um soco ou um chute. F*$&@, né?
Mas a vida da Família Chavez não foi só paz e amor, não. Quando America tinha 6 anos, suas mães se sacrificaram pra salvar seu planeta que estava prestes a ser engolido por um buraco negro. Na explosão, a heroína foi jogada de Utopia Paralela para outra dimensão e vagou até encontrar a Terra, onde foi adotada por uma família humana.
Com suas semelhanças culturais com a comunidade latina, e fluente no espanhol, a jovem heroína tem orgulho de suas raízes e também tem uma grande importância pra comunidade LGBT por ser uma das heroínas assumidamente lésbica. Com 16 anos integrou sua primeira equipe de super heróis, a Brigada Juvenil e logo depois, encontraria sua verdadeira família: os Jovens Vingadores. Depois de um tempo em carreira solo, também integrou a equipe Os Supremos, ao lado de Pantera Negra, Monica Rambeau e Capitã Marvel.
Com uma personalidade irreverente e esquentada, Chavez não leva desaforo pra casa, tanto é que sua principal forma de se expressar é literalmente dando socos e derrotando super vilões. Nas sua atual revista solo, Gabby Ribeira, autora Queer Latino-americana, escreve suas aventuras. No MCU, America Chavez será interpretada pela atriz de descendência mexicana Xochitl Gomez e a personagem fará muito barulho daqui pra frente já que a saga segue para tentar alinhar os Multiversos recém descobertos. E quem melhor que uma heroína que abre portais interdimensionais aos chutes, pra ajudar Steve Stranger nessa jornada? Ah, e lembrando que ela também tem uma forte ligação com Wicanno, um dos gêmeos da Feiticeira Escarlate… será que vamos ver isso no MCU?
E aí, tá animada pra ver ela ganhando vida nas telonas?
Sâmela Hidalgo é manauara, editora de quadrinhos, consultora editorial, trabalhou na Devir Brasil por 4 anos e meio como assistente editorial e assessora de imprensa, podcaster no DFP (devíamos fazer um podcast), produtora Editorial no Stúdio Eleven Dragon, colunista no site Minha de HQ e idealizadora do projeto Norte em Quadrinhos que visa dar visibilidade para quadrinistas do Norte do país.
Siga: @samelahidalgo e @norteemquadrinhos
Clique aqui e apoie a Mina de HQ!