São essas lacunas entre o verbal e o visual, esses desencontros deliberados, todos esses caminhos que no fim levam a um lugar muito perturbador (e prazeroso) que fazem dos quadrinhos de Amanda um dos melhores da atualidade.
“Foi um processo de aperfeiçoamento. Eu voltei ao meu texto original, que era um conto, e percebi que muito do fluxo de consciência da personagem principal foi cortado na versão publicada em 2019. E achei esses cortes, que eu mesma fiz, terríveis. Hoje consigo olhar para o meu trabalho e perceber que meu texto é fundamental para minha cadência narrativa e expressão do claustro que há dentro da cabeça de quem narra. Então o texto dessa edição é mais robusto e fiel a minha ideia inicial. Eu também redesenhei todas as páginas, adicionando maior profundidade nas ambientações, mantive a ideia de algumas sequências da primeira edição que eu ainda gostava, mas redesenhei para tudo ter o mesmo traço. Então é como uma espécie de director’s cut.”, explica Amanda.
“Também criei uma nova capa e todo o projeto gráfico, troquei o vermelho pelo metálico dos instrumentos cirúrgicos. Meu objetivo era fazer uma publicação caprichada e com acabamento especial, algo que eu mesma compraria, que eu gostaria de ter. O projeto ainda contou com o trabalho primoroso de Larissa Kamei fazendo a produção gráfica, revisão de Thais Regina, posfácio de Adriana Cecchi e blurbs de Carol Ito e Beatriz Saldanha. Sou muito grata ao trabalho excelente de todas essas mulheres. Foi maravilhoso poder colocar o livro, que estava esgotado há mais de um ano, disponível novamente para venda e leitura, com tanto carinho e dedicação. É uma história muito importante pra mim e eu espero que mais pessoas possam lê-la”, detalha a autora.