Dia 02
Nosso segundo dia começou com o tradicional painel “Furiosas! Mulheres que chutam bundas”, mediado por Gabi Borges e com as artistas convidadas: Helô D’Angelo, Carol Ito, Luiza Lemos, Tai, Fabiane Langona, Bianca Pinheiro e Carol Rossetti.
Com tantas convidadas e pouco tempo, a sensação é que o painel foi bem corrido. Cada artista trouxe uma sugestão de quadrinhos e produções audiovisuais para o público leitor, mas gostaria, por ora, de me ater ao conteúdo das falas do painel.
Tai pontuou a invisibilidade de artistas PCDs, indígenas e de fora do eixo Rio-SP em eventos como a CCXP e falou sobre a representatividade vazia que há em muitos produtos culturais. Para ela “representatividade é ocupar de fato esses lugares” e que os recortes de classe, raça, gênero, entre outros, não devem servir para engessar os artistas em suas “caixinhas”.
Aproveitando a deixa, Luiza Lemos, quadrinista trans, conta que está cansada de abordar a temática trans em suas histórias. Ela fez isso durante algum tempo e sente que foi importante para ela como pessoa e artista, mas agora quer falar sobre outros assuntos.
Helo D’Angelo concorda e diz que essa cobrança de falar dos “assuntos de cada caixinha” vem também do público. Ela conclui dizendo que também não aguenta mais entrevistas que se resumem a perguntas sobre “assuntos femininos ou a ‘como é ser uma mulher nos quadrinhos’”.
Bianca arremata dizendo que quando escolhe um quadrinho ou livro para ler, não procura saber sobre quem produziu aquela obra. Ela gosta de ler e depois descobrir se é homem ou mulher, de onde aquela pessoa vem, acredita que deixa seu olhar menos enviesado ao analisar uma obra.