Pesquisadoras de HQ no Brasil
Nara Bretas reflete sobre a presença das mulheres na pesquisa acadêmica sobre histórias em quadrinhos
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Nara Bretas reflete sobre a presença das mulheres na pesquisa acadêmica sobre histórias em quadrinhos
Que as mulheres sempre estiveram presentes no universo dos quadrinhos, nós já sabemos. E que na mesma medida elas foram apagadas e não mencionadas por pesquisadores do meio, também não é mais novidade por aqui. Por isso, não é um choque perceber que essa realidade também se reflete no apagamento das pesquisadoras dessa forma de arte.
Estejam elas falando de quadrinhos considerados “universais” ou da produção de mulheres nesse meio, fato é que poucas são as que outros pesquisadores da área se dignam a citar. Mas será que isso significa que elas não produzem pesquisas relevantes?
Respondo de imediato, para não deixar dúvidas: NÃO!
Em uma tentativa de mudar esse cenário, e dar luz e visibilidade também às mulheres pesquisadoras de quadrinhos no país, dediquei grande parte do capítulo de revisão da literatura da minha tese de doutorado a um resgate dessas mulheres e suas publicações. Muitas páginas e tabelas depois, posso afirmar que dentre nossas pesquisadoras de quadrinhos temos grandes nomes com publicações expressivas.
Hoje, dedico esse texto à apresentação de duas delas, com o objetivo de incentivar entusiastas e novas pesquisadoras de quadrinhos a falar sobre elas e citar seus trabalhos: Cíntia Lima Crescêncio e Maria da Conceição Pires, duas historiadoras com interessantes trajetórias de pesquisa.
Cíntia Lima Crescêncio (Lattes) é professora da Universidade Federal do ABC (UFABC). Graduada em Histórias pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Mestre e Doutora em História pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O foco principal de sua pesquisa são o humor gráfico e a imprensa alternativa nos entremeios entre gênero, feminismos, ditadura, discurso, América Latina e riso. Um caminho que a levou a pesquisadora a escrever diversos trabalhos que perpassam o universo dos quadrinhos, dentre os quais destaco sua tese e os artigos:
Maria da Conceição Pires (Lattes) é Professora Associada do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História, da UNIRIO e coordena o projeto “Mulheres Cartunistas no Brasil: Humor Gráfico e Protagonismo Feminino”, sediado na mesma instituição. Mestra e graduada em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o foco de seus trabalhos são a História, as Mídias e Audiovisuais, as História sem Quadrinhos, os Estudos de Gênero e Raça, e as Ditaduras na América Latina. Dentre suas produções, destaco sua tese, publicada em livro, e os artigos:
Autodefinição e corpos negros emancipados nas HQs de Bennê Oliveira e Lila Cruz.
Mulheres desregradas: autorretratos e o corpo grotesco nos cartuns de Chiquinha.
Outras mulheres, outras condutas: feminismos e humor gráfico nos quadrinhos produzidos por mulheres.
É importante ressaltar que a produção e atuação tanto de Cíntia Crescêncio quanto de Conceição Pires vão muito além do que é possível mapear neste texto. Por isso, às companheiras pesquisadoras, sugiro uma busca mais atenta pelo Lattes de ambas, sempre que possível, para a busca por outras e novas publicações.
Nara Bretas é pesquisadora de quadrinhos no digital desde 2012 e Doutora em Estudos de Linguagem (PosLing) pelo Centro Federal de Educação Tenológica de Minas Gerais (CEFET/MG), onde trabalhou com as temáticas: Mulheres e Quadrinhos no Brasil, Narrativas de Vida, Análise do Discurso e Feminismos. Jornalista, Licenciada em Letras e admiradora das HQs desde muito nova, Nara ama quadrinhos cotidianos e surtadas ocasionais.
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