Vida pós meu primeiro FIQ
Sâmela Hidalgo escreve sobre o FIQ 2022 (Festival Internacional de Quadrinhos), que aconteceu em Belo Horizonte
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Sâmela Hidalgo escreve sobre o FIQ 2022 (Festival Internacional de Quadrinhos), que aconteceu em Belo Horizonte
Eu sei, eu sei. Quem não foi pro FIQ já está esgotado de ouvir sobre o evento nessas últimas semanas. Mas garanto que quem foi, ainda não conseguiu se recuperar da recente nostalgia que o festival deixou.
E muitos fatores foram importantes pra esse sentimento de felicidade e esperança pós-evento. Não vou citar todos os momentos, mas vou citar alguns que me tocaram.
Em 2020, quando começou a pandemia de Covid-19, não sabíamos o que esperar. Talvez soubéssemos que seria ruim – pelo fato de termos um completo imbecil sádico na presidência – mas a gente definitivamente não esperava um genocídio e quase 700 mil vidas perdidas. A gente não esperava que a quarentena durasse 2 anos. Eu, particularmente, não esperava ter que viver com um diagnóstico de estresse pós-traumático deixado pela projeto de laboratório de Mengele que vivenciei. Não esperava que ia ver tanta gente conhecida partindo. E, que além disso, o próprio mercado de quadrinhos ia perder tanta gente.
A sensação que me pareceu que percorria nos corredores do Festival Internacional de Quadrinhos, era exatamente aquela cena do Fera reencontrando o ciclope na Saga da Fênix Negra:
Sensação de alívio por reencontrar os amigos, sensação de juntes termos passado por um apocalipse e sobrevivido. Mas também a melancolia por aqueles que não tiveram a mesma sorte.
Foi um misto de emoções. O zunido de quase 200 artistas batendo palmas quando alguém esgotava as obras. A cacofonia das conversas, risadas e fofocas rolando nos bares. Das mesas de bate-papo completamente diversas no auditório, que me arrancou lágrimas ao ver artistas do Norte como convidados e palestrantes. Essa sensação de ver pessoas com a minha origem sendo aclamadas e tendo seus trabalhos reconhecidos ali no maior festival de quadrinhos da América Latina.
Da algazarra e gritaria que se formou quando o quadrinista Denis Melo pediu à também quadrinista Juliana Moon em casamento e do susto que eu levei porque, exatamente nesse momento, eu me encontrava dormindo na mesa do bar – exausta pela alta movimentação do evento. Coisas que você só encontra no FIQ! Emoções e momentos que somente as ruas de BH, tomadas por artistas apaixonados, são capazes de proporcionar.
A energia dos salões lotados de um sábado de FIQ (Foto: Glênio Campregher e Laura Campregher/Instagram FIQ)
Foi meu primeiro FIQ, mesmo depois de 6 anos trabalhando na área! E foi nada menos que extraordinário! Foi a companhia de amigos, profissionais que admiro e pessoas especiais para mim. Foi acordar e dormir vivendo e respirando aquela atmosfera gostosa e maluca. Foi a dor na sola do pé de ter ficado das 9h às 21h em pé vendendo e falando sobre quadrinhos. Foi a escala doida de almoço que me fazia ir em várias mesas recrutando amigos que ainda não haviam almoçado pra me fazer companhia. Foi o explodir do pão de queijo verdadeiramente mineiro quentinho na boca, no café da manhã, antes de ir pro evento. Foram os gritos de “assina meu pôster?” pra cada artista que eu encontrava. Foi o calor INFERNAL que o festival proporcionou, que fez eu me sentir em casa. Foi o abraço, o beijo, a conversa, o carinho, os presentes, as trocas. Foi a nona arte pulsando no coração do país. Foi uma celebração de que ser artista nesse país de meu deus, é terrivelmente difícil, mas também é bizarramente incrível. E possível!
Espero vocês em 2024!
Sâmela Hidalgo é manauara, editora de quadrinhos, consultora editorial, trabalhou na Devir Brasil por 4 anos e meio como assistente editorial e assessora de imprensa, podcaster no DFP (devíamos fazer um podcast), produtora Editorial no Stúdio Eleven Dragon, colunista no site Minha de HQ e idealizadora do projeto Norte em Quadrinhos que visa dar visibilidade para quadrinistas do Norte do país.
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