Indicades ao 34º Troféu HQMIX
Lista com de artistas mulheres, pessoas trans e não bináries indicades em várias categorias da 34ª edição do troféu HQMIX, para apoiar e votar
Quer receber novidades sobre histórias em quadrinhos? Inscreva-se!
Lista com de artistas mulheres, pessoas trans e não bináries indicades em várias categorias da 34ª edição do troféu HQMIX, para apoiar e votar
A gente adora uma lista, né? Então, conheça as mulheres (cis ou trans), homens trans e pessoas não-binárias indicadas ao Troféu HQMIX, o maior prêmio de quadrinhos do Brasil, em 2022. Esse ano tem bastante diversidade nas indicações! Vale ressaltar que essa diversidade ainda é bem tímida se considerámos que muita gente esqueceu de se inscrever.
Participei como jurada dessa edição e por curiosidade, fui comparar a quantidade de inscritos com a de indicados. Em uma das categorias, havia 110 inscritos, sendo apenas 10 delas produções exclusivamente femininas, ou seja, proporcionalmente, se tivermos 2 indicadas em um total de 10, é um número condizente com a realidade do resultado final. Ou seja, não podemos ser indicados a prêmios para os quais não nos inscrevemos. O juri era misto, mas não tivemos contato uns com os outros durante o processo e nem mesmo depois disso nós chegamos a conversar. Em categorias com número menor de inscritos, a concorrência era menor e a possibiidade de ser indicado, maior. Em outras, um voto sozinho não garantia a presença entre os indicados, pois outros autores conseguiam 2 ou mais votos.
Embora a votação seja realizada por meio de cédulas que ficam disponíveis via site do HQMIX para pessoas inscritas (especialistas, pesquisadores, jornalistas, editores…), você pode contribuir bastante com suas autoras favoritas compartilhando suas indicações o máximo possível para o maior número de pessoas. Vamos lá?
Helô D´Ângelo foi uma das finalistas do CCXP Awards com sua HQ Isolamento, seu trabalho já foi mencionado em nossas redes e aqui no site algumas vezes.
Carol Borges integra o Batatinha Fantasma com o quadrinista Remédios. Carol é conhecida por seu senso de humor irreverente e por ser uma ladra de cobertinhas.
Cecília Ramos é dona da página Cartumante, que com seu humor ácido, aborda temas que variam desde situações cômicas do cotidiano a política.
Luiza de Souza, a Ilustralu, foi ganhadora do CCXP Awards e teve uma das campanhas de financiamento coletivo mais bem sucedidas dos quadrinhos com a HQ Arlindo. Ela concorre em várias categorias nessa edição do HQMIX.
E a Odisséia dos reinos da morte, teve coprodução da Sâmela Hidalgo e cores por Raquel Teixeira, artista manaura. Vale a pena conferir no site da Social Comics.
Germana Viana concorre com a HQ Menage #2, que produziu em parceria com Laudo e Marcatti. Com seu traço inconfundível e senso de humor ácido, ela segue apimentando os quadrinhos nacionais. A quadrinista concorre na categoria Publicação independente de grupo com o mesmo título.
Lino Arruda é autor trans que concorre com sua HQ Monstrans – Experimentando Horrormônios, relato potente de sua experiência com a transição de gênero com toque de horror, como o próprio nome indica. Lino tem se destacado não só por sua produção marcante, mas por seu ativismo em prol da conscientização sobre as vivências diversas nos quadrinhos.
Jessica Groke tem se destacado como uma das grandes quadrinistas de sua geração. Ganhadora do HQMIX com a HQ Me leve quando sair, também participou da coletânea Tabu, da editora Mino. Já Lalo “é quadrinista, roteirista e ilustradora. Seu trabalho trata de temas como sexualidades desviantes, limites da realidade humana, afeto e mulheres porretas”, nas palavras da Laerte. Ambas participam da antologia 11:11.
Mylle Silva concorre com a HQ A Samurai: Sujimichi, história integrante da série que narra a saga de uma gueixa para se tornar samurai.
Na 19ª edição da revista Café Espacial, participam: Lídia Basoli, Tali Grass, Susa Monteiro, Ana Hoo, Germana Viana, Luli Penna, Majory Yokomizo, Melissa Garabeli, Milena Azevedo, Roberta Cirne e Rosana Moro. É uma edição dedicada às narrativas mudas.
A coletânea Não ligue, isso é coisa de mulher traz nomes de peso dos quadrinhos nacionais com uma temática atual: a perspectiva feminina sobre os comportamentos tóxicos masculinos. Com tom bem-humorado, 10 artistas se revezam nessa produção que ganhou o troféu Angelo Agostini desse ano. As artistas: Ligia Zanella, Luiza Lemos, Roberta Cirne, Flávia Gasi, Fabiana Signorini, Bianca Mól, Mari Santtos, Renata C B Lzz, Eliane Bonadio, Nanda Alves.
Almanaque Guará: o Almanaque surgiu com a proposta de viabilizar o acesso aos quadrinhos nacionais com produções variadas e uma equipe diversa que conta com várias mulheres em suas 6 edições publicadas. São elas: Debora Santos (colorista), Thamara Jardins (colorista), Mariane Gusmão (colorista), Juliana Moon (desenhista e arte-finalista), Ana Recalde (roteirista), Brie Souza (colorista), Akila Gabsu (colorista), Cora Ottoni (roteirista e desenhista), Yuu Hirae (colorista) Caru Moutsopoulos (roteirista), Carol Favret (roteirista). Os almanaques trazem títulos seriados de personagens que compartilham o mesmo universo, por isso, nem todas as mulheres participam de todas as edições. As equipes e histórias são alternadas a cada publicação, mas é importante destacar a presença delas em várias etapas da produção, pois ajuda a desmitificar a ideia de que mulheres não fazem quadrinhos.
Babalon: as mulheres escarlate. Produção que trata de temas como ancestralidade, maternidade, prazer sexual, misticismo e conexão com a natureza, foi publicada pela Draco e produzida por Jessica Borges, Camila Suzuki, Ana Lúcia Merege, Roberta Cirne, Gabriela Rangel, Lara Lobo e Caroline Jamhour.
Quadrinhos Queer foi organizado pela Gabriela Borges (a Mina de HQ), Ellie Irineu e Guilherme Smee. Conta com a participações de: Aline Zouvi, Flávia Borges, Alice Pereira, Line Lemos, Anne Caroline Quiangala, Cecília de Abreu, Anita Costa Prado, Camila Abdanur, Carol Ito, Cora Ottoni, Cris tirinhas, Annima de Mattos, Dani Bolinho, Dani Franck, Monique Malcher, Germana Viana, Helô D´Ângelo, Lalo, Diana Salu, Lino Arruda, Luiza Lemos, Manu Cunhas, Renata Nolasco, Sophia Andreazza, Vitorelo, Dandara Palankof, Milly Lacombe. A publicação alterna textos e quadrinhos sobre questões relacionadas às vivências diversas de forma sensível. É um registro histórico e muito importante da produção de artista LGBTQIAP+ do Brasil.
As revistas Ragu e Plaf também representam importantes registros da produção independente do país, com entrevistas e quadrinhos originais de autores como: Ragu – Marília Marz, Amanda Miranda, Mafé, Aline Zouvi, Júlia Balthazar, Puiupo, Luiza Nasser, Love love 6, Line Lemos, Thais Koshino, Gabriella Güllich, Mariana Weatcher; Plaf 5 e 6: Anne Quiangala, Puiupo, Jessica Groke, Maria Clara Carneiro, Dika Araújo, Diana Salu.
Menáge e Café Espacial, já mencionadas, também concorrem nessa categoria e uma das histórias de Batman Mundo foi colorida por Fabi Marques.
Nessa categoria, além da já mencionada Luiza de Souza (Ilustralu), que concorre com Arlindo, o destaque vai para Triscila Oliveira, Vitorelo e Aline Daka.
Triscila é roteirista da série Confinada, ilustrada por Leandro Assis, e que deixou leitores vidrados durante o período de isolamento causado pelo COVID-19. Com análises contundentes sobre o contexto social do país, a HQ, que era publicada online no Instagram, aborda questões de raça e classe a partir da perspectiva de uma doméstica.
Vitorelo concorre com Kit Gay, manual lúdico sobre diversas questões envolvendo gênero em sexualidade e que surgiu como uma resposta às fake news sobre um suposto kit gay que estaria sendo distribuído nas escolas públicas na época das eleições de 2018.
Aline Daka é ilustradora e pesquisadora. Sua dissertação de mestrado chamada Mulheres Caídas rendeu uma produção muito rica sobre as mulheres rebeldes nas artes, que costumavam ser apagadas e invisibilizadas. Relato potente que também foi transformado em exposição.
Nessa categoria não há indicadas individuais, ainda assim, a coletânea Intempol conta com participações de: Bianca Bernardi, Lidiane Cordeiro e Letícia Pusti. São histórias curtas de ficção que envolvem viagem no tempo em contextos bem diversos, todas baseadas no livro homônimo de Octávio Aragão.
Anne of Green Gables – clásico da literatura infantojuvenil, também foi adaptada para a TV como série de streaming. Aqui, a menina ruiva e tagarela ganhou roteiro de Larissa Palmieri e cores de Fabi Marques.
O Esqueleto: Chronica Phantastica de Olinda – versão quadrinizada de uma história clássica de Olinda, escrita por Carneiro Vilela no século XV, traz conflitos e críticas sociais nos moldes que consagraram Roberta Cirne como um dos principais nomes dos quadrinhos de terror no Brasil.
Silentium é uma adaptação de 3 histórias pouco conhecidas de Edgar Allan Poe. Em tom que mistura fantasia e poesia, somos apresentados a um universo que não é muito familiar aos leitores do autor gótico. Escrita por Mhorgana Alessandra e ilustrada por Marília Aguiar.
Thaís Leal ilustra a HQ Cansei de ser monstro, que conta a história de um monstro que, cansado de ser monstro, decide viver disfarçado entre os humanos. Para isso, ele vai contar com a ajuda de um menino que tem um estranho fascínio por coisas assustadoras.
Veronica Saiki explora a relação de uma criança pequena com o sobrenatural e com o luto em uma narrativa muda na HQ Na luz.
Nessa categoria, além de Arlindo (Ilustralu) e do Almanaque Guará, o destaque vai para Raphaela Corsi com sua belíssima HQ Sankofa. A produção explora a presença da cultura africana em Curitiba por meio de uma pesquisa extensa realizada pela autora.
O destaque dessa categoria fica com as autoras de Não ligue, isso é coisa de mulher, mencionada anteriormente e ganhadora do troféu Angelo Agostini.
Noite de Spoiler, da editora Guará e Menáge, são as publicações que contam com participação de mulheres, mas são produções mistas.
Laluña Machado concorre pela segunda vez nessa categoria. Ganhadora de 2 troféus HQMIX pela organização do livro Mulheres e Quadrinhos, foi responsável por conferir ao livro História dos Quadrinhos: EUA a maior inserção de artistas femininas já vistas em uma única publicação sobre o tema, salvo aquelas que são dedicadas exclusivamente às mulheres. Entre as referências também há uma grande citação às pesquisadoras dos quadrinhos, que costumam ser tão apagadas quanto as artistas que não costumavam ser mencionadas em produções desse gênero. O livro tem quase 1.000 páginas e foi escrito em parceria com Diego Moreau.
Rafaella Rodinistzky publicou em formato de livro sua pesquisa para o TCC, Ponto de Fuga: Mulheres Ilustradoras e quadrinistas do Norte brasileiro, em que aborda a produção de quadrinistas e ilustradoras do Norte do país, mulheres que também costumam ser ignoradas nas mais diversas produções sobre o tema.
E a nossa editora Gabriela Borges concorre nessa categoria com Quadrinhos Queer, mencionado anteriormente.
Categoria dedicada à publicação impressa de tiras, traz a Laerte com seu celebrado Manual do Minotauro e Triscila concorrendo com Confinada.
Nessa categoria, com maior quantidade de indicações comparada às outras, deixarei o link da artista e um trecho do trabalho indicado para facilitar a escolha de quem for votar.
Brenda Klein – Delírio Coletivo na Terra do Fogo
Débora Santos – Luzia
Diana Salu – Então Você quer Escrever Personagens Trans?
Didi Mamushka – O Pescador de Tesouros
Lino Arruda – Monstrans – Experimentando Horrormônios
Luiza de Souza (Ilustralu) – Arlindo
Raphaela Corsi – Sankofa: A História dos Afro-Curitibanos
Thais Leal – Cansei de Ser Monstro
Diana Salu é indicada nessa categoria também pela HQ Então você quer escrever personagens trans? O potencial didático dessa narrativa é enorme, porque foge dos clichês e essencialismos sobre o tema e fornece uma verdadeira aula sobre como retratar vivências diferentes das suas com a devida sensibilidade. Recomendável para todos os autores, de quadrinhos ou não.
Larissa Palmieri foi responsável por adaptar os roteiros de personagens clássicos e faz isso com maestria. Apesar de uma tendência ao didatismo exagerado que muitas produções do gênero apresentam, o trabalho da Larissa indica domínio da narrativa dos quadrinhos, que é bem diferente da dos livros ilustrados. O equilíbrio entre texto e imagem, lembrando que a primazia da imagem é uma das principais características desse tipo de arte, confere fluidez aos quadrinhos com roteiro adaptado pela autora.
Triscila segue brilhando nessa categoria também. Confinada foi acompanhada por milhares de pessoas enquanto era publicada online e depois foi impressa via uma campanha muito bem-sucedida de financiamento coletivo.
Lino Arruda se destaca novamente pela HQ Monstrans – experimentando horrormônios. A publicação impressa foi viabilizada pelo Itaú Cultural e se tornou uma referência sobre o processo de hormonização que as pessoas trans vivenciam.
A ilustra Lu dispensa apresentações a essa altura, mas certamente os Arlinders, como são conhecidos os fãs da HQ Arlindo, entendem esse destaque da autora em tantas categorias.
As já mencionadas Germana Viana, Laerte e Roberta Cirne também dispensam apresentações nessa categoria. Consagradas no mercado nacional por seus traços inconfundíveis, cada uma delas já tem um grande legado, além de serem referência para tantas pessoas que desejam se tornar quadrinistas. Se você ainda não tem algum trabalho delas em casa, tá esperando o quê?
Mhorgana Alessandra é indicada por Silentium, a HQ mencionada anteriormente sobre os contos poucos conhecidos de Edgar Allan Poe.
A Talessa Kuguimyia (Talessak) concorre com a Ira dos Ventos. Conhecida pela versatilidade de materiais com os quais ela trabalha, sua arte reflete uma sensibilidade ímpar. Ira dos ventos tem uma narrativa épica sobre a jornada de Zani e Teruya, dois jovens que sem perdem em uma floresta fantástica com direito a uma série de obstáculos surreais. Para conseguirem voltar para casa, eles precisam desvendar os segredos dessa floresta. Esse trabalho envolveu pesquisa extensa sobre um período histórico do Japão, em suas crenças e vestimentas.
Conheça as artistas e os trabalhos pelos quais elas são indicadas nessa categoria.
Debora Santos, por Noite de Spoiler
Fabi Marques, por Anne of Green Gables
Fabiana Signorini, por Escafandro: Z – A Marca da Liberdade
Mariane Gusmão, por Gioconda
Renata Nolasco, por Sangue Quente
Débora Santos, por Luzia
Juliana Moon, por Sangue Quente
Lino Arruda, por Monstrans – Experimentando Horrormônios
Roberta Cirne, por O esqueleto
O 34º Troféu HQMIX homenageará os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. As pessoas premiadas vão receber uma estatueta da personagem Kabelluda, de Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, na escultura feita pelo artista plástico Wilson Iguti.
Pagu foi escritora, poetisa, diretora, tradutora, desenhista, cartunista, jornalista e agitadora nas artes. A primeira mulher no Brasil a desenhar tiras de quadrinhos. Se transformou em musa dos modernistas e até se casou com Oswald de Andrade em 1930. Juntos lançaram o jornal “O Homem do Povo”, onde publicou suas tirinhas. A história em quadrinho chamada Malakabeça, Fanika e Kabelluda descreve situações de Kabelluda, a sobrinha pobre de Malakabeça e Fanika, um casal que não teve filhos.
Daniela Marino é pesquisadora de quadrinhos e questões de gênero, graduada em letras, mestre em comunicação e doutoranda em ciência da informação.
Clique aqui e apoie a Mina de HQ!
Dani Marino é especialista em histórias em quadrinhos e questões de gênero. Mestre em Comunicação e doutoranda em Ciência da Informação pela ECA/USP, também atua como professora de Literatura Inglesa. Ganhadora de 2 troféus HQMIX com o livro Mulheres e Quadrinhos, que organizou com Laluña Machado, já colaborou com diversos sites e canais especializados em cultura pop.