Resenha: HQ Miss Davis
A jornalista Anne Ribeiro conta suas impressões sobre “Miss Davis”, HQ que conta a história da ativista Angela Davis
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A jornalista Anne Ribeiro conta suas impressões sobre “Miss Davis”, HQ que conta a história da ativista Angela Davis
A jornalista Anne Ribeiro conta suas impressões sobre o “Miss Davis”, HQ que conta a história da ativista Angela Davis
“Miss Davis”, de Sybille Titeux de la Croix e Amazing Ameziane, é uma janela pra vida de Angela Davis, protagonista de momentos históricos da luta antirracista nos Estados Unidos. Deve ter sido desafiador condensar numa biografia em quadrinhos tantos fatos marcantes, que vão de tragédias pessoais a vitórias coletivas, mas o resultado é impressionante.
A arte atinge o leitor onde o texto não chega. Algumas páginas duplas, apesar de poucos elementos gráficos, comunicam fortemente o silêncio, o luto, a revolta. E só isso já valeria a leitura. Mas tem também o atrativo de a história ser contada a partir de diferentes estilos de desenho, uma escolha arriscada que movimenta a narrativa sem provocar a sensação de colcha de retalhos.
Como jornalista, vi com ceticismo a romantização que cerca a jovem repórter (uma das personagens da HQ) que se levanta pouco a pouco contra uma redação misógina para cobrir os protestos dos Panteras Negras e depois a trajetória de Angela Davis. Já a agonia da prisão e do julgamento de Angela é quase palpável.
Esse livro é um documento histórico em si, e mostra como algumas lutas atravessam as décadas. Apesar da ação incansável de militantes como Angela Davis, o povo negro segue vítima da violência da polícia e dos sistemas judiciário e carcerário. É possível encontrar uma violação recente para cada injustiça do passado retratada na HQ, o que prova que ainda há muita gente trabalhando incansavelmente pela manutenção do racismo e das desigualdades.
Anne Ribeiro é jornalista, de Belém (PA). No perfil @pralerhq ela escreve sobre quadrinhos para debater política, questões de gênero e universo LGBT.
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