Artistas LGBTQIA+ indicam HQs
Jocosa Aguiar, Helena Cunha, Flávia Borges, Gabo, Ana Terra, Tietbo e Limão recomendam obras que serviram de inspiração para o trabalho que fazem
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Jocosa Aguiar, Helena Cunha, Flávia Borges, Gabo, Ana Terra, Tietbo e Limão recomendam obras que serviram de inspiração para o trabalho que fazem
Junho é o Mês do Orgulho LGBTQIA+ e, com a vontade de conhecer nossas histórias, pedimos indicações de quadrinhos para artistas mulheres e não-bináries: Jocosa Aguiar, Helena Cunha, Flávia Borges, Gabo, Ana Terra, Tietbo e Limão, que recomendam obras (com e sem protagonismo LGBTQIA+), que emocionaram e serviram de inspiração para o trabalho que fazem ou para o autoconhecimento que adquiriram até aqui. De Hayu Marca a Azul é a cor mais quente, essas HQs são uma celebração da diversidade e um convite a conhecer outras perspectivas e visões de mundo.
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Bom, se eu fosse indicar um quadrinho que inspirou minha mulheridade eu superindicaria Sailor Moon. Mesmo não sendo um quadrinho propriamente LGBTQIA+, eu acho que a forma como a autora tratou os relacionamentos delas e as formas como elas se construíram enquanto mulheres me ajudaram muito no autoentendimento. Outro que queria indicar também é um nacional, se chama Hayu Marca, de Amanda Calmon (@amandacmartinelli), ilustrado pelo Cainã Lopes (@caina_lf). O quadrinho fala sobre uma temática muito batida já, que é o autodescobrimento de pessoas T e esse processo. Eu detesto esse tipo de narrativa porque sempre acaba caindo em um clichê e trata sempre de um ponto de vista muito cis, de “Meu Deus, vocês, pessoas trans, odeiam seus corpos e querem se libertar das amarras e blá, blá”. E o Hayu Marca não trata dessa forma! Eles trazem muitas referências a culturas maias e incas e de terror cósmico, discutindo o autodescobrimento de pessoas T de uma forma que eu nunca tinha lido antes. Eles trouxeram algo que eu chamo de “fúria travesti” para a história, 10/10.
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Eu recomendo I Love This Part, de Tillie Walden. Acho que não foi traduzido para o português, encontrei na Amazon há algum tempo por acaso e fiquei encantada com a forma que a autora usa o silêncio para contar a história desse primeiro amor entre duas garotas em uma cidadezinha e como é uma experiência singela e inocente e ao mesmo tempo potente e até brutal. É um livro de poucas páginas, as ilustrações ocupam uma página inteira cada e são lindas, misturando preto com um roxo aquarelado. Eu fico com o coração apertado sempre que leio (e eu leio ele muito).
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O primeiro que me veio à cabeça foi Azul é a cor mais quente, de Julie Maroh. Li quando era adolescente e foi uma das primeiras graphic novels que li. Tinha visto o filme e fui atrás do quadrinho, porque falavam que era bem diferente, e depois que li acabei gostando mais, porque acho que condizia mais com minha idade (talvez por ser uma visão de uma mulher jovem, diferente do filme) e achei mais poética a narrativa. Lembro que foi importante porque mais pra frente eu percebi que o final da HQ me incomodava mais que o final do filme (risos). Quando fiz o Maré Alta, que tem a temática do romance das duas meninas, não queria cair no clichê de nenhum dos dois, queria fazer um final mais felizinho, mas ao mesmo tempo queria a poética e os momentos mais reflexivos do quadrinho. Foi a primeira vez que tinha lido um quadrinho com uma narrativa mais de cotidiano e com uma temática LGBT.
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Eu recomendo a webcomic Go Get a Roomie!, da Chlove C! É uma webcomic LGBT sobre crescimento individual muito boa, é toda em inglês. Eu comecei a ler com 13 anos! E acompanhei até o fim dela, em 2020. Me inspirou a um dia ter o meu trabalho próprio feito por meio de HQs e foi uma boa representação para baby Gabo que estava se descobrindo LGBT.
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Eu indico Heartstopper, de Alice Oseman. Existe tanto em formato físico quando on-line, como webcomic gratuita. Acho que o que me interessa mais é poder ler uma história positiva, engraçada, doce, sobre dois jovens se descobrindo LGBT, descobrindo seus sentimentos etc. O tipo de história de amadurecimento que a gente tem em grande quantidade dentro de uma bolha hétero, né? Interessante também que a autora é assexual e arromântica. Ah! E a história vai virar série da Netflix, parece. Eu tenho outra recomendação também: Muted, de Miranda Mundt. É outra webcomic. Essa HQ é uma gracinha. A protagonista é uma bruxa que tem que passar por um ritual tradicional da sua família, mas ela acaba falhando. Ela vai descobrindo aos poucos os motivos para isso, enquanto caminha pra se aceitar enquanto mulher que sente atração por outras mulheres. Enfim, tudo.
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Alho-poró, de Bianca Pinheiro. Conheci o trabalho da Bianca no FIQ de 2018, quando estava começando a publicar meus quadrinhos e ir em eventos como expositor. Antes de realmente me “intrometer” no meio, o que eu conseguia ver de fora era um espaço brancocisheteronormativo que não era aberto pra pessoas LGBT, mulheres e – bem, já deu pra entender. Alho-poró pra mim foi uma das leituras que me deu aquele empurrãozinho que eu precisava pra continuar, que me fez pensar “Tem gente que nem eu aqui, e eles são INCRÍVEIS”. Infelizmente, esse sentimento não tem nada a ver com o quadrinho, que começa com uma narrativa tranquila e termina com um tom macabro. Sinceramente, fico me indagando sobre o final até hoje. Felizmente, é desse tipo de coisa que eu gosto.
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O quadrinho que eu tenho pra indicar é Courtney Crumrin e as Criaturas da Noite, de Ted Naifeh. É uma história que cultivou muito meu amor por realismo fantástico. Eu também não queria perder a oportunidade de indicar YE, de Guilherme Petreca. É também sobre fantasia e influencia muito meu trabalho não só pelo traço simples e que dá conta de contar de forma séria a história, como pela narrativa impecável.
Anne Ribeiro é jornalista, de Belém (PA). No perfil @pralerhq ela escreve sobre quadrinhos para debater política, questões de gênero e universo LGBT.
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