Uma história de colonização
Resenha do quadrinho “Avatar: A Lenda de Aang – A Promessa”, que chega como continuação da aclamada animação da Nickelodeon que ganhará live-action pela Netflix
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Resenha do quadrinho “Avatar: A Lenda de Aang – A Promessa”, que chega como continuação da aclamada animação da Nickelodeon que ganhará live-action pela Netflix
Concordamos que Avatar: A Lenda de Aang é uma das melhores animações já feitas, certo? Certo! Ótimo. Estamos entendidos. Que bom que o universo de Avatar foi expandido, anos depois com a Lenda de Korra, e também com os quadrinhos das aventuras da equipe. Assim a gente não precisa se despedir desses personagens que passamos a amar tanto.
Bom, para deixar tudo muito claro: as histórias em quadrinhos de Avatar se passam um tempinho depois do fim da Lenda de Aang e anos antes de A Lenda de Korra. Então, são aventuras que aprofundam ainda mais o relacionamento entre o grupo, principalmente entre Aang e Katara. Mas já dizia o homem aranha “com grandes poderes…..” vocês sabem o resto. E na HQ Avatar: A Lenda de Aang – A Promessa, primeira HQ da série (ilustrada pela dupla de quadrinistas japonesas Gurihiru e publicada no Brasil pela editora Intrínseca), o Aang tem grandes responsabilidades que podem afetar até seu relacionamento com Katara para sempre.
Então, vamos lá, é uma história que vai falar muito sobre colonização e em como reparar um século de guerras e autoritarismo que a Nação do Fogo impôs ao mundo. Zuko agora é o Senhor do Fogo e junto com o avatar Aang, decidiram criar o Movimento para Restauração da Harmonia. Até aí tudo bem, parece ser uma boa ideia. Mas será mesmo que é?
Quando Aang e Katara começam a viajar pelos reinos para comunicar e monitorar esse novo movimento, muita coisa parece não se encaixar e deixar dúvidas. O movimento nada mais é que fazer com que os colonos da nação do fogo voltem para sua nação e deixem, imediatamente, o reino da terra. Tudo isso parece funcionar na ideia, né? Bom, se vocês são da nação colonizadora, então voltem para suas casas e tá tudo certo. Mas como separar famílias e amigos que se formaram a partir das duas nações?
Trazendo um pouco isso para a nossa realidade.. como seria, caso todos os descendentes de portugueses tivessem que deixar o Brasil, 522 anos depois? Quantos amigos e pessoas próximas se quebrariam ao ter que deixar o país? E os outros povos que vivem no Brasil? Descendentes de pessoas escravizadas que vieram do continente Africano, toda a comunidade japonesa enorme que temos no país, os povos nômades e ciganos, descendentes de povos do oriente médio? Também teriam que voltar cada um para o seu país de ‘origem’.
Não parece ser algo muito simples, certo? Esse é exatamente o dilema que a equipe do Aang tem que lidar na HQ. Pessoas se rebelando por não quererem que seu pai, da nação do fogo, vá embora, e deixe sua mãe da nação da terra. E é aí que Aang e Katara se deparam com o dilema do próprio relacionamento entre eles. Ela, da Tribo da Água. Ele, do Povo do Ar. Se as nações precisam ficar separadas e cada uma no seu canto, o que isso significa para o futuro dos dois? É um pensamento egoísta, como a própria Katara diz para o Aang, mas é uma forma de ele reconsiderar suas ações e perceber que o sofrimento que ele passaria, centenas de outras famílias passariam também.
Não é uma decisão fácil a se tomar, nem na ficção e nem na realidade. O que seria justo? O que seria certo? Como um país miscigenado como o Brasil lidaria com essa escolha? Eu talvez não concorde muito assim também com a decisão do Aang na HQ. Mas também não tenho uma resposta exata para essas perguntas.
E você, tem?
Sâmela Hidalgo é manauara, editora de quadrinhos, consultora editorial, trabalhou na Devir Brasil por 4 anos e meio como assistente editorial e assessora de imprensa, podcaster no DFP (devíamos fazer um podcast), produtora Editorial no Stúdio Eleven Dragon, colunista no site Minha de HQ e idealizadora do projeto Norte em Quadrinhos que visa dar visibilidade para quadrinistas do Norte do país.
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