Diversidade no Prêmio Jabuti
Em 2021, na categoria Quadrinhos do Prêmio Jabuti não tem nenhuma obra de autoria de mulheres indicada – que dirá pessoas transmasculinas ou não binárias… Por que homens são mais indicados a prêmios?
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Em 2021, na categoria Quadrinhos do Prêmio Jabuti não tem nenhuma obra de autoria de mulheres indicada – que dirá pessoas transmasculinas ou não binárias… Por que homens são mais indicados a prêmios?
Saiu a lista de indicações ao 63º Prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Você viu?
Maaaaaas, tenho que fazer uma observação crítica: esse ano, na categoria Quadrinhos, não tem nenhuma obra de autoria de mulheres indicada – que dirá pessoas transmasculinas ou não binárias…
É sempre triste ver apenas homens indicados a prêmios. Aliás, já é sabido, que todo mundo sai ganhando quando há diversidade e inclusão, quem qualquer lugar e contexto.
Aí te convido a pensar comigo, qual seria o motivo dessa ausência no Jabuti? Poucas inscrições por parte das artistas, falta de incentivo das editoras para essas inscrições, pouca representatividade entre os jurados? Porque produções de qualidade existem, isso eu te garanto!
Acho, inclusive, que a essa altura do campeonato os próprios prêmios não deveriam aceitar divulgar uma lista de indicações sem um critério mínimo de diversidade – a binariedade de gênero já deveria até estar sendo superada!
Aliás, a categoria Quadrinhos só foi acrescentada ao Prêmio Jabuti em 2017. A discussão sobre sua importância era antiga e, de certa forma, foi uma conquista, principalmente para a legitimidade dos quadrinhos no mercado. Como bem disse Érico Assis em uma coluna de 2011 no blog da Companhia das Letras, “quadrinhos não são literatura, mas o Jabuti não é um prêmio de literatura e sim um prêmio para incentivar o mercado livreiro, do qual os quadrinhos fazem parte”. E ele pode estimular a produção de HQs e dar um certo impulso às pessoas que fazem quadrinhos que, ao aparecer entre a lista de indicações e premiações, passam a ter maior reconhecimento do mercado.
Infelizmente, essa história toda só mostra como ainda temos que percorrer um looooongo caminho para que o mercado / cena de quadrinhos no Brasil seja mais diversa.
Gabriela Borges é jornalista, mestra em antropologia e curadora de conteúdo. Em 2015, criou a Mina de HQ, plataforma que se tornou referência para quem quer ler histórias em quadrinhos mais diversas, conhecer artistas mulheres e trans (homens, não bináries etc), e também criar estratégias de comunicação a partir das HQs. Mídia independente e feminista, é um dos mais relevantes canais sobre HQs e gênero no Brasil. Autora do livro Encuentre su Clítoris, pela Marca de Fantasia, e editora e co-organizadora da antologia Quadrinhos Queer, pela Skript.
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