Orgulho LGBT em quadrinhos
Poc Con 2023 foi protagonizada por artistas LGBTQ+, contou com uma programação variada e promoveu lançamentos incríveis.
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Poc Con 2023 foi protagonizada por artistas LGBTQ+, contou com uma programação variada e promoveu lançamentos incríveis.
Mês do orgulho LGBTQIA+ com lançamentos diversos
Carol Ito, Lino Arruda, Lari Macedo, Ea Damaia e Helena Cunha trouxeram novidades para a Poc Con, que ocorreu nos dias 9 e 10, em São Paulo. A feira de quadrinhos e artes gráficas protagonizada por artistas LGBTQ+ contou com uma programação variada e promoveu lançamentos incríveis. Se você não pode prestigiá-los presencialmente, indicamos algumas produções. Vem conferir cinco deles!
1 – Inteiro pesa mais do que metade – Carol Ito (@carolito.hq)
A jornalista e quadrinista Carol Ito compartilha a própria experiência com a depressão neste livro de 80 páginas e muitas reflexões. “É um tema ainda um pouco estranho, falar de depressão e mostrar pro mundo que eu convivo com isso, justamente pelo estigma, por a gente estar imerso numa lógica, num sistema que diz que a gente não pode parar, a gente não pode ser triste, a gente não pode mostrar fraqueza, vulnerabilidade”.
Ao abordar aspectos dessa jornada pessoal, Carol também incentiva os leitores a se acolherem. “Ainda é um pouco esquisito, mas acho que esse processo de trazer o livro pro mundo vai me ajudar a ver isso (a depressão) com mais naturalidade, ver isso como uma característica, uma parte de quem eu sou, e pode ajudar outras pessoas também a se sentirem menos sós”.
“Esse livro acho que vai ser bem útil quando eu estiver passando por alguma crise porque ele me lembra que, sim, é uma fase, eu consigo passar, consigo sair dessa. Acho que eu fiz esse livro pra me lembrar que eu posso sair do buraco e que eu já fiz isso outras vezes. Então é uma coisa bem terapêutica mesmo”, diz Carol.
2 – Cisforia Vol. 1 – O pior dos dois mundos – Lino Arruda (@monstrans_hq) e Lui Castanho
E se vivêssemos sob um governo feminista que criminalizasse homens cis? Lino Arruda e Lui Castanho, artistas transmasculinos, fazem esta e outras provocações numa distopia bem-humorada, voltada para a comunidade LGBTQIA+.
“‘Cisforia’ surgiu de uma piada, quando, junto com uma amiga, vimos um homem cis que tinha alguns atributos estéticos tipicamente associados a pessoas transmasculinas em hormonioterapia. A partir daí começamos a imaginar como seria se os homens cis desejassem para si próprios a masculinidade e a cultura de homens trans e começassem um processo de transição para se tornarem transmasculinos”, explica Lino Arruda.
“Criamos então hipóteses sobre o contexto sócio-político que provocaria esse fenômeno: imaginamos que se o governo fosse liderado por mulheres brancas feministas e empregasse uma política com bases identitárias de tolerância zero ao feminicídio e à violação sexual, a sociedade se voltaria contra os homens cis hetero, tornando essa identidade indesejável, criminalizada, socialmente inaceitável e tão marginalizada e esvaziada quanto as identidades trans e travesti”.
“O resultado é uma HQ ácida e bem-humorada, que, através de uma brusca inversão de paradigmas, pauta temas atuais e pertinentes (como o feminicídio, a violação sexual, os sistemas de autoridade e vigilância, a marginalização e o status social de algumas identidades) e denuncia o papel que as políticas identitárias têm na reprodução das assimetrias que vivenciamos hoje”, diz Lino, que assina roteiro e ilustração da obra.
“Essa HQ nova é pensada no interior das culturas dissidentes, ou seja, é feita para o público LGBTQIA+, com referências diretas a linguagens, fatos e personagens históricos, ideias e teorias que surgiram no ativismo e na produção intelectual LGBTQIA+. Essa escolha circunscreve o nosso público-alvo e nos afasta de outros nichos literários, ou seja, esperamos realmente estar comunicando dentro da bolha dissidente. Eu acho que, pessoalmente, a minha expectativa é de que o público se divirta e dê muita risada com ‘Cisforia’, mas também antecipamos gerar um grau de desconforto, especialmente na medida em que as pessoas leitoras comecem a se identificar com os personagens e a serem pressionadas a tomar lados”, acrescenta o autor.
3 – Um quadrinho pra falar de vaginismo – Lari Macedo (@lariarts)
Lari Macedo fez esta HQ sensível e objetiva pra contar como descobriu que tinha vaginismo e como se sentiu durante o tratamento que permitiu que ela descobrisse um mundo no qual sexo não é sinônimo de dor. “”Um Quadrinho pra Falar de Vaginismo’ foi produzido pensando que a minha experiência pessoal pode ser a mesma que de várias outras pessoas. Eu observo que falar de vaginismo, sexo, sexualidade (especialmente mulheres falando!) é um imenso tabu. A minha intenção é mostrar pro público o que é vaginismo, através do olhar de quem já passou por tudo aquilo, buscando tratar do tema com leveza, sensibilidade e humor”.
Além de informações sobre essa disfunção sexual, Lari destaca no quadrinho a importância de buscar ajuda profissional. “Espero que o público receba com carinho uma história que foi escrita e desenhada de coração, seja quem se identifica com a narrativa porque passou ou passa por experiências semelhantes, ou quem está conhecendo pela primeira vez!”.
4 – CyberLovers – Ea Damaia (@eadamaia)
Protagonizado por gatinhes que trocam experiências com um app de paquera pra pessoas bi, “CyberLovers” é uma história sobre assexualidade. “Nesse quadrinho eu quis trabalhar com uma narrativa próxima das minhas vivências. A demissexualidade (que faz parte do termo guarda-chuva da assexualidade) muitas vezes é mal compreendida. Daí pensei em trazer situações frequentes como pessoa que tem essa forma de atração. De mostrar como essa sexualidade se relaciona com o próprio corpo da pessoa e seus afetos. De existirem relações afetivo-românticas sem a necessidade de haver sexo na relação, e as formas como essa atração acontece”, diz Ea Damaia.
5 – Boa Sorte – Helena Cunha (@helenacunhas)
Helena Cunha entra em nova fase com sua elogiada HQ “Boa Sorte“. A história de Julieta – uma trajetória de autoconhecimento e descoberta da sexualidade – chegou ao público de forma independente, mas agora será lançada por uma editora. “Eu tô muito animada para a Poc, é o primeiro evento que eu vou esse ano e é sempre bom ver o pessoal dos quadrinhos, eu saio de lá querendo produzir mil coisas. Tô muito feliz que ‘Boa Sorte’ tá na nVersos agora, eu gosto bastante do trabalho que eles vêm fazendo e depois de três anos como independente é muito legal pensar que agora ele vai chegar a mais leitores”, diz Helena.
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